Piaget divide o desenvolvimento humano de acordo com a progressão do surgimento de novas qualidades do pensamento. Cada período é separado com base na principal função do indivíduo na respectiva faixa etária, e todos passamos por elas.
O primeiro período, o sensório-motor é caracterizado pela conquista universal da criança pela percepção e seus movimentos. Este período vai do nascimento aos dois anos de idade. Logo que a criança nasce, sua vida mental representa exercitar os aparelhos-reflexo, que melhoram com o treino. Progressivamente a criança vai evoluindo as características reflexos, até chegar ao ponto de interagir com determinado instrumento para obtenção dos fins desejados. A velocidade do desenvolvimento físico é grande contribuição para o surgimento de novas habilidades. Através desta interação, progressivamente ocorrerá na criança uma diferenciação entre seu eu e o mundo externo; isto inclui também o aspecto afetivo. De uma atitude passiva, a criança, ao término do período acaba tendo uma atitude ativa e perceptiva.
O segundo período, o pré-operatório (dois a sete anos) é marcado pela organização mental que já possibilita o surgimento da linguagem e, com isso, modificações de aspecto social, intelectual e afetivo na criança. Isso ocorre no desenvolvimento do pensamento. A criança agora pode interagir mais, se comunicar, externar sue mundo interior de forma mais clara. De início, falas abstratas por jogos simbólicos, que evoluem para a busca racional das coisas e ações, os “porquês”. Surgem os sentimentos inter-individuais, como o respeito da criança pelos indivíduos que julga superior.
O terceiro período, dos sete a onze ou doze anos, é o período das operações concretas. Aqui se dá a construção lógica, a criança passa a estabelecer relações que permitem a coordenação de pontos de vista diferentes, e integrá-los de modo lógico e coerente. Isso é possibilitado pelo surgimento de uma nova capacidade mental nas pessoas, as operações (possibilidade de realização de ação física ou mental com direcionamento ao seu fim, objetivo, e revertê-la para seu início. Durante a ação, a criança consegue perceber algum erro e, desta forma, desfazer as partes erradas para re-começar de forma correta. A criança também forma o conceito de número, consegue trabalhar simultaneamente com dois pontos de vista diferentes. Afetivamente ocorre o aparecimento da vontade, e a criança adquire uma progressiva autonomia em relação ao adulto. Com o fortalecimento do conceito de grupo, a criança passa, de aceitar a opinião dos adultos, a “enfrentá-los”. Novas regras podem surgir entre as crianças.
No período das operações formais, dos onze ou doze anos em diante, a adolescência, o adolescente consegue abstrair os elementos sem a necessidade de manipulá-los para entendê-los e percebê-los. Passa, então, a criar teorias sobre o mundo, tirar conclusões de puras hipóteses, através da reflexão espontânea. Ele se afasta da família, ignora conceitos dos adultos, mas o alvo de reflexão dos adolescentes é a sociedade; analisando-a sempre de modo reflexivo, pensando nas necessárias transformações e reformulações que devem ser feitas. Afetivamente, vive conflitos, onde o grupo de amigos é um referencial importante; ele quer se livrar dos adultos, mas depende deles. A estabilidade surge com a proximidade da vida adulta.
Para Piaget, a personalidade surge no fim da infância, entre oito e doze anos, é necessária para exteriorizar-se um projeto de vida, que norteará o indivíduo, na adaptação à realidade, com seu treinamento e inserção no mundo profissional. Na fase adulta nenhuma nova estrutura mental surge, e o indivíduo percorre a jornada do desenvolvimento cognitivo.