Em concepção, o Paradigma Ontológico parte do objeto, ou seja, busca a investigação da estrutura do mundo, se apresentando de forma cética ao conhecimento filosófico. Para L. Wittgenstein, a filosofia é uma atividade que tem a finalidade do esclarecimento lógico dos pensamentos.
Em seu estudo ele, limitando aquilo que pode ser dito com clareza daquilo que é obscuro e não se pode dizer, afirma que a filosofia é uma atividade de crítica da linguagem. Faz a seguinte comparação: pensar é dizer e se algo não pode ser dito é porque não pode ser pensado. Nesta parâmetro, a filosofia da linguagem examina até que ponto proposições escritas ou ditas representam os dados da experiência sensível e a existência ou inexistência de um sem tido. Seu objetivo não é reformular a linguagem, nem idéias expressadas nela, mas a reflexão e esclarecimento de sua estrutura lógica no estabelecimento de limites do que o homem pode ou não dizer.
Para este pensador, influenciado por um princípio lógico universal, afirma que o mundo é constituído por vários fatos elementares que se conectam. Devido a este pensamento, em que estes fatores seriam estruturas mais simples, suas afirmações devem ser breves e objetivas para, nesta concatenação chegar a uma realidade da concepção do todo universal, união dos fatos elementares. Nota-se aqui, nesta divisão, partição de fatos, uma semelhança ao modelo cartesiano, ao método matemático de Descartes, da divisão e síntese. Porém, ele segue um rumo diferente do modelo cartesiano ao observar que essa união torna os elementos a figura ou o modelo lógico da realidade, mas nem sempre é viável partir dos fatos isolados para chegar as proposições essenciais e universais.
Embora se aproxime de Descartes, ele é contrário a Kant, pois acredita que se pode conhecer os objetos na capacidade humana do conhecimento da verdade.
Sobre questões dogmáticas, não comprováveis, como a existência de Deus, de uma alma, Wittgenstein diz que não podemos julgar estas afirmações. Denomina o que não pode ser dito ou pensado de místico, o que apenas pode ser mostrado. Por ferramentas lógicas, a linguagem apenas consegue expressar o “como” do mundo, descrevendo e apresentando sua essência, uma vez que não pode ser racionalmente compreendido.
Capítulo VI – Paradigma da Fenomenologia
Existe uma dificuldade atual em abranger a fenomenologia, uma vez que foi muito influenciada. Segundo Edmund Husserl, a lógica pura divide-se em duas categorias: significativas e objetivas. Seu princípio central é da intencionalidade, visto que isto proporciona a construção de mundo imanente à consciência de objetos ideais, mas, na atividade, na fluidez temporal, exige a separação dos elementos reais e ideais. Houve uma tentativa da parte deste pensador de fornecer à filosofia um caráter de ciência fundamental. Sua visão e linha de raciocínio alteram-se após a intersubjetividade, onde passa a observar o mundo a partir da visão do sujeito purificado fenomenologicamente pela ideação.
O pensamento fenomenológico de Husserl possui iniciou com uma polêmica contra o psicologismo, na fundação da lógica pura. Para ele, o que se relaciona ao campo espiritual, é um fenômeno, ou seja, tudo aquilo que intencionalmente está presente à consciência, chamando de mundo ou horizonte o conjunto destas significações para a consciência.
De um ponto de vista material, tudo o que é constituído em oposição à consciência recebe a denominação de noema. A respeito de definições e denominação, é importante ressaltar que a capacidade da consciência de referir-se a algo que não é ela mesma recebe o nome de intencionalidade. E, sobre isto, cabe ressaltar que a fenomenologia pura permite o retorno às coisas mesmas, volta o olhar às manifestações do que aparece. A consciência se ao significado do objeto, que seria um fenômeno, sendo estes os próprios atos enquanto conscientes, divididos em intelectivos, volitivos ou afetivos.
Ao descrever o mundo comente como apresentado em consciência, ou seja, pela redução feomenológica, chega-se ao puro fenômeno. A redução eidética, por sua vez, é no fenômeno, sendo reduções que culminam à busca de essência, no princípio metodológico da variação. O eu transcendental, para a fenomenologia, seria o sujeito constituinte dos objetos. É no transcendental, no interior, que o filósofo deve buscar sei eixo de orientação, sendo empírico o ser transcendental. Este mundo de consciência transcendental é explorado pela fenomenologia, em um esquema “ego, cogito, cogiata”. Quando mencionamos as reduções fenomenológicas, a epoqué universal se realiza por uma redução transcendental, cuja vivência pura de consciência se torna resultante.
Capítulo VII – Paradigma da Hermenêutica
A palavra hermenêutica significa, em contexto teológico, “a arte de compreender” ou “doutrina da boa interpretação” da sagrada escritura. Por todo um contexto histórico de interpretação de obras sagradas (sagrada escritura, interpretada pela hermenêutica teológica) e profanas (interpretada pela hermenêutica filosófica), definiu-se a hermenêutica como a arte de esclarecer, interpretar e compreender textos e situações. Ela é responsável pela exegese textual. Possui qualidade superior à ciência moderna no reencontro de seu lugar antropológico. Dentre seus objetivos, podemos citar a história, a linguagem, a arte, a religião, o direito, a ética da educação. O foco deste pensamento não é o mundo objetivo das coisas, mas a compreensão representada em imagens, construções, textos.
Um grande destaque na história da hermenêutica foi Wilhelm Dilthey, ao objetivar o problema de consciência histórica, o examinou adequadamente as concepções tradicionais e, em sua visão, o interprete no confronto com os textos antigos carece tanto de compreensão da tradição como de critérios independentes e, por outro lado, não consegue compreender tais textos sem nexo com o contexto de compreensão. Fazendo esta análise, sugere uma solução à compreensão histórica, na observação de que o homem só existe porque compreende a si mesmo historicamente. O pressuposto indispensável para a objetividade da ciência do espírito constitui-se na ciência da compreensão de textos e das formas de interpretação humana escritas. Afirma, pela fenomenologia, que havendo sentidos múltiplos, haverá tantas hermenêuticas quantos os sentidos. Este fragmento nos faz perceber a existente ligação entre a fenomenologia e hermenêutica, que se completam em um grande aspecto de observação. Husserl ainda divide a lógica em dois campos: categorias significativas e as categorias objetivas e utiliza conceitos psicológicos como vivência, percepção, construindo um mundo inseparável à consciência de objetos e idéias.
Martin Heidegger, partindo por outro foco, transporta a hermenêutica da preocupação epistemológica para uma esfera ontológica, afirmando que a hermenêutica é, também, utilizada cotidianamente, voltada a práticas cotidianas. Assim, não seriam analisadas e interpretadas apenas escrituras sagradas, textos profanos, mas também suas práticas cotidianas. Para ele, a compreensão apresenta uma estrutura circular, chamando este raciocínio de “círculo hermenêutico”. O sujeito hermenêutico é conectado ao objeto hermenêutico, uma vez que apenas é possível a existência do conhecimento da natureza como objeto da ciência pelo fato de existir o sujeito que deseja conhecê-la.
Ciências naturais e do espírito parecem separadas, com diferenças do tipo gradual e qualitativo, uma vez que as que estudam a natureza não precedem da compreensão, e aqueles que compreendem o espírito não renunciam o esclarecimento analítico, porém todas se preocupam com a interpretação do presente e do passado para, desta forma, visar um futuro, mais embasado. Seriam os pontos de ancoragem observados que construiriam alicerces onde os fatos e pensamentos futuros se apoiariam para um a construção mais lógica, estudada, refletida e segura.