A Comunicação da Experiência gera um discurso da tradição e da modernidade na necessidade de criar a universalização de conceitos, uma totalização a ser retransmitida à sociedade que ab sorve este discurso e vive por este padrão.
É possível encontrarmos traços de modernidade e tradição em qualquer época, sendo esta divisão relacionada a um comportamento, a um estilo de vida, discurso, do que idade cronológica.
Não é a história em si que diferencia tradição e modernidade, mas a forma de legitimar, oficializar a experiência. São de formas diferentes que se oficializa o conceito de modernidade e tradição.
Dentre as características de uma experiência tradicional percebemos que o próprio nome, ou seja, a palavra “tradição” já constitui a essência ligada à transmissão específica de conteúdos, conceitos.
É importante destacar a importância das narrativas, uma vez que a forma da transmissão das informações é por via oral.
A experiência tradicional possui fortes laços com a natureza, respeitando-a, de forma cíclica, não tentando modificá-la ou dominá-la, sendo este um conceito da natureza transcendente da temporalidade, encontrado nas sociedades tradicionais. O homem precisa da natureza para sobreviver e se reproduzir, em um processo simbiótico. Neste contexto, neste processo, o homem é integrado à natureza, aceitando suas condições e limitações naturais. Pela tecnicidade tradicional este homem consegue se desenvolver em harmonia com a natureza.
A memória é elemento fundamental nas sociedades tradicionais, uma vez que o conhecimento transmitido por via oral não possui registros. Esta é a natureza dinâmica da memória. As sociedades tradicionais se organizam de modo a sempre existir um ancestral com o papel de transmitir, por rituais, os fatos, histórias, informações, para que não se percam dados preciosos. Devido a isto os papéis sociais nas comunidades tradicionais são pontuais e não mudam. Uma vez que uma novidade surja, elas são incorporadas aos mitos, que integram esta inovação.
Existe, assim, uma cadeia de transmissão das narrativas míticas, onde toda esta cadeia de transmissão do culto é legitimada pela presença do ancestral. Em uma racionalidade tradicional, o narrador é o elo das cadeias interruptas de culto, o elo em ter o ancestral e os aprendizes. A estruturação destas narrativas é constituída pelo narrador, o ouvinte (respectivamente o transmissor e receptor de mensagem, ambos os elementos fundamentais em um processo comunicacional) e um herói, sendo este o grande ancestral.
É importante ressaltar um problema quando entramos no campo das modalidades patológicas da tradição, onde ocorre a recusa a qualquer processo de inovação, por um apego absoluto ao passado. Desta forma, neste pensamento extremo encontramos a sociedade que permanece estagnada e fora de contexto.
Adversa a esta visão tradicional de experiência, encontramos a Experiência Moderna. O nome sugere termos associados a tomar conta, refletir e, principalmente, a uma ruptura. Esta ruptura simboliza a instauração do novo, rompendo contextos e aspectos anteriores, como ocorreu no Brasil, em 1922, na semana de arte moderna.
Em uma visão análoga ao Eterno Retorno Nietzcheano, notamos a característica de retorno ao passado, para estabelecer um padrão comparativo que embasará um progresso.
A modernidade busca uma autonomia, distanciando-se do pensamento teocêntrico e dogmático. Existe agora um pensamento individual. O surgimento da escrita foi um importante ponto de apoio na proliferação de conceitos. Ocorre a secularização do pensamento, ou seja, a separação da religião, na busca por uma filosofia prática, não contemplativa. Devido a estes fatos e características têm-se um retorno ao antropocentrismo, porém na criação do conceito de homem ideal, consciente, ativo e pensante. São estes os testemunhos históricos da Modernidade.
O duplo rosto da Modernidade se dá pelo raciocínio do questionamento. Ou seja, a forma de se oficializar uma experiência moderna é através do sujeito consciente que debate, duvida, questiona.
A Modernidade se relaciona com o Iluminismo, a uma idéia de progresso. O progresso é o motor da Modernidade. Um aspecto dizia que vivemos em uma época ruim, mas progredir e melhorar as condições é necessário.
Diferentemente da Tecnicidade Tradicional, na Experiência Moderna o homem, em benefício próprio, com o pretexto do progresso, ultrapassa os limites da natureza, desrespeitando-a. Sempre faz isso pela necessidade do progresso, constituído por um desenvolvimento tecnológico.
Para a legitimação do discurso moderno, a modernidade forja a totalização, o conceito ideal. A postura moderna é cética.