A Possibilidade do Conhecimento

O dogmatismo assenta-se em uma confiança na razão humana, ainda não enfraquecida pela dúvida.

Desta definição, da posição epistemológica para a qual ainda não existe o problema do conhecimento, entendemos os dogmas, as verdades certas, não questionadas. O interessante aqui é perceber que o dogmatismo, apesar de ser algo muito limitado, pois, aquilo que é aceito sem questionamento não possui força e credibilidade, justamente por esta característica ele colaborou com a evolução do conhecimento, ao se levantar a crítica de que o conhecimento não constituir um problema para o dogmatismo assenta em uma noção deficiente da essência do conhecimento. O dogmático não percebe que o conhecimento é essencialmente a relação entre sujeito e um objeto, para os dogmáticos os objetos da percepção e os objetos do pensamento são apresentados da mesma forma.

Existem três formas de dogmatismo, o teórico, ético e religioso. Ele é a posição primeira e mais antiga, tanto psicológica com o historicamente. Para Kant ele é “a posição que cultiva a metafísica sem ter examinado antes a capacidade da razão humana para tal cultivo”.

Contrário ao dogmatismo encontramos o ceticismo, e diz que o sujeito não pode aprender o objeto, ele não o vê, a atenção é fixada exclusivamente no sujeito. Com isto, não devemos formular qualquer juízo, mas sim abstermo-nos de julgar. O ceticismo é encontrado principalmente na antiguidade, e seu fundador é Pirrón de Elis. O ceticismo intermédio, ou acadêmico não é tão radical como o antigo, seus principais representantes são Arcesilao e Carneades. Segundo eles é impossível um saber rigoroso, nós nunca temos a certeza de que nossos juízos concordam com a realidade, mas ele sustenta a possibilidade de chegar a uma opinião provável, diferentemente do antigo. O ceticismo posterior, representado principalmente por Enesidemo e Sexto Empírico, segue pelo caminho do ceticismo pirrónico.

Na filosofia moderna também encontramos o ceticismo, porém, na maioria das vezes não é real e absoluto, mas especial.

O ceticismo entra em um conflito paradoxal, pois o cético não pode levar a cabo qualquer ato do pensamento, pois, o fazendo, supõe a possibilidade do conhecimento, entrando assim na contradição consigo próprio.

Porém, mesmo que o ceticismo seja errado, não podemos negar a importância que ele fornece para o desenvolvimento espiritual do indivíduo e da humanidade.

Resumidamente, o ceticismo diz que não há nenhuma verdade, o subjetivismo e relativismo não vão tão longe. Para eles existe uma verdade, mas esta verdade tem uma verdade limitada, não existindo assim uma verdade universalmente válida. Isto retorna ao início do fichamento, em minha análise comparativa com a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

O subjetivismo limita a verdade ao sujeito que conhece e julga, o relativista também diz que não existe esta verdade absoluta, mas ele não diz que isto depende de um conhecimento humano, dos fatores que residem no sujeito cognoscente, ele elimina a dependência de fatores extremos. Os representantes clássicos do subjetivismo são os sofistas.

Subjetivismo e relativismo são, ao fundo, ceticismo por negarem a verdade, porém não diretamente, como o ceticismo, mas indiretamente, atacando a validade universal.

O relativismo cai no paradoxo de que, se não existe uma verdade absoluta, e isto é uma verdade, então isto acaba também não sendo algo absoluto, o que leva a tese a uma espiral incógnita de auto-crítica.

Voltando ao ceticismo, ele é uma posição essencialmente negativa, a negação da possibilidade do conhecimento, porém, ele toma um aspecto positivo no moderno pragmatismo. Para o pragmatismo, o verdadeiro significa útil, valioso, fomentador da vida. Diz que o homem não é essencialmente um ser teórico ou pensante, mas sim um ser prático, de vontade e ação, que possui o intelecto integralmente a serviço de sua vontade e ação. Seu fundador é o filósofo americano William James, outro representante importante foi Schiller e, como um adepto valioso temos Nietzsche, que diz que “a verdade não é um valor teórico, mas apenas uma expressão para designar a utilidade, para designar aquela função do juízo que conserva a vida e serve à vontade do poder”.

O erro fundamental do pragmatismo consiste em não ver a esfera lógica, em desconhecer o valor próprio, a autonomia do pensamento humano.

O criticismo é “a posição intermediária entre o dogmatismo e o ceticismo. Ao fim, ele é o método de filosofar que consiste em investigar as fontes das próprias afirmações e objeções e as razões em que as mesmas assentam, método que dá a esperança de chegar à certeza”. É a única posição justa, na questão da possibilidade do conhecimento, porém não significa a necessidade de admitir a filosofia kantiana. O criticismo de Kant representa uma forma especial ao criticismo geral, por significar não apenas o método de que o filósofo se serve e que opõe ao dogmatismo e ceticismo, mas também o resultado determinado a que chega com a ajuda deste método.

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